quinta-feira, setembro 13

A Garça

"Pela margem de um rio,ao sabor do capricho Passeava uma garça, um respeitável bicho: Três palmos de pescoço, mais um palmo de bico. O dia estava lindo, e na água transparente Andava a dona truta, aos pulos de contente, Com a comadre carpa,ali, num bailarico. Vinham à tona da água, tão alheias ao p'rigo, Que se a garça quisesse era estender o bico - Chamavas-lhe um figo. Mas a garça antes quis esperar (grande pateta!) Tinha a sua dieta, E só queria comer à hora certa. Dali a pouco, sim! O apetite aperta... E chegando-se à margem, vê no rio Fanecas em cardume, num vaivém. Queria coisa melhor.Não lhe serviu, E torçeu o nariz com desdém. Foi então que achou uma enguia: «Enguias? Que jantar para uma garça! .... Que iguaria!... Não é comida que me satisfaça.. Abrir o bico por tão pouco? Tinha graça!» Mas abriu-o por menos, afinal. Dali em diante,tudo correu mal: Não viu nem mais um peixe, por desdita. E ela, que era esquesita, Deu-se por satisfeita e regalada De achar um caracol - uma coisa de nada! Quem muito escolhe e é mau de contentar Às vezes perde tudo. Vejam lá... É sempre mais sensato aproveitar O que a sorte nos dá." ( La Fontaine)

Sem comentários:

Cliques